Zé Pretinho (2012)
ENTREVISTA COM HERÓDOTO BARBEIRO
Texto publicado em 2008
Os paradigmas nas ondas do rádio
Heródoto Barbeiro fala sobre a CBN, o radiojornalismo e mercado de trabalho.
Quem sonha em trabalhar no rádio, é preciso ficar atento às novidades tecnológicas. Quem dá a dica é o jornalista Heródoto Barbeiro, gerente do Sistema Globo de Rádio, apresentador do programa Mundo Corporativo da Rede CBN e do Jornal da Cultura na TV Cultura de São Paulo — Fundação Padre Anchieta.
A chegada no mercado de trabalho não é fácil, principalmente para os estagiários. Heródoto mesmo reconhece a dificuldade dessa fase que é crucial para o estudante de jornalismo, mas garante, não há hostilidade com os futuros jornalistas, eles serão bem ajudados. Barbeiro deu aula de história por 25 anos, não é à toa que é chamado de professor pelos colegas. Budista, concentrado e muito consciente, construiu uma personalidade e uma maturidade profissional desejada por muitos.
No início da década de noventa, foi convidado pelo vice-presidente do Sistema Globo de Rádio, José Roberto Marinho (filho do Dr. Roberto Marinho) para criar o projeto de uma rádio de notícias on news. Nascia então a Rádio CBN. Heródoto sempre defendeu a idéia de que a CBN tinha que ser uma emissora FM, idéia que foi rejeitada pela diretoria da empresa. Somente após o fechamento da Rádio X, a direção aceitou a idéia de colocar a CBN no ar depois de cinco anos operando em AM. “O diretor disse: vamos colocar só três meses, depois vamos colocar uma nova programação e vocês vão ter que sair.”, relata o jornalista. A rádio fez um grande sucesso e continuou a programação, operando em São Paulo nos 780 AM e nos 90,5 MHz
Foi uma quebra de paradigma, já que FM era apenas musical, hoje é possível notar o surgimento de outras rádios de notícias
A chegada da TV Digital em 2007 que além do sinal em alta definição (HDTV), possibilita a portabilidade do veículo e a interatividade (recurso que está previsto para 2009, quando o midleware Ginga for disponibilizado pelos fabricantes), se tornou uma ameaça para o rádio que hoje busca na internet uma nova alternativa.
O novo paradigma que deverá ser quebrado é a expansão do rádio pela internet, possibilitando ouvir sua programação em qualquer lugar do mundo. Outra novidade é a de
assistir os programas como se fosse uma TV. O Mundo Corporativo, apresentado pelo Heródoto na CBN já é gravado com som e imagem e transmitido pela internet. A rádio Jovem Pan também está disponibilizando conteúdos no formato.
“Muitas pessoas se preocupam com o secundário e esquecem do primário”, alerta Heródoto para aqueles que pensam que ser jornalista é apenas aparecer bem produzido e saber falar bem. É preciso ter conteúdo. Todos que lidam com a mídia eletrônica devem ter uma boa comunicação, mas é necessário estar bem informado e se preparar para a constante mudança que ocorrem devido à quantidade de fatos importantes que ocorrem.
“Não é preciso ser galã, senão nem eu e nem o Bóris (Casoy) estariam trabalhando.”, brincou o apresentador com a aparência sua e de seu colega que hoje trabalha na Band. “Ninguém começa como âncora.”
O começo da vida profissional de um jornalista vem cheia de obstáculos. Normalmente um recém formado não entrará para a editoria que gostaria de trabalhar. Se a editoria desejada é tecnologia, por exemplo, é necessário que o profissional leia muito sobre o tema, esteja sempre atualizado, acompanhe noticiários. Dependendo da área, existem pós-graduações ou cursos de extensão que auxiliam o profissional a se especializar.
Para quem deseja ser âncora, é melhor ter muita paciência. O mercado dá preferência para quem tem bastante experiência em jornalismo, além de competência e credibilidade.
“Não tem truque o jornalismo, tem que ter dedicação, trabalho, cultura”, ressalva Heródoto. Uma das áreas que está crescendo é o Jornalismo Corporativo. Heródoto Barbeiro acredita que é importante o profissional estar ligado em várias áreas do mercado de trabalho.
Um dos profissionais que Heródoto Barbeiro reconhece como os grandes jornalistas são Claudia Abramo, Dirceu Abramo, (ambos da Rede CBN) e Mino Carta (que foi diretor de redação da primeira fase da Revista VEJA da Editora Abril nos anos 60, um dos criadores da Revista Isto É e diretor da Editora Três).
Fagner Nascimento e Joanita Lima
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